segunda-feira, 13 de junho de 2016

Capítulo 39

Eu só me lembro de ter chorado a noite toda aquela sala de espera d hospital, os médicos não falavam uma palavra se quer para quem estava lá fora, e só hoje de manhã que poderiamos vê-la. Eu acabei percebendo que realmente o destino escreve certo por linhas tortas, mas eu não posso perde-la, não agora, não desse jeito. Ela estava na U.T.I, seu caso era muito grave, seus pais estavam lá no quarto e eu seria o próximo a entrar, apenas, eu, ela e aquele bipe de seus batimentos cardíacos.
-Logan – O enfermeiro diz
-Sou eu mesmo – Me levanto rapidamente
-É sua vez, ela está desacordada
-Tudo bem, preciso vê-lá
O enfermeiro me leva até a sala, eu entro, ele sai e encosta a porta, me sento na cadeira ao lado da cama e pego em sua mão.
Ela parecia estar em um sono profundo, ela dormia como um anjo.Ela ainda estava toda machucada por causa da queda ao chão, estava com um curativo na testa e arranhões por todo corpo.
-Meu amor
Era tão ruim ouvir o silêncio, o vazio, o nada. Ela não respondia, e não iria responder, eu tinha que me conformar com isso. Mas só de vê-la, ali, respirando, e saber que seu coração batia, fazia eu ter esperanças de viver ainda.
-Sou eu – Não conseguia falar muito pois minhas lágrimas não deixavam – Eu quero te pedir perdão, por minha culpa você está ai, e não está me ouvindo, mas eu sei que seu coração está, por que no fundo, você sabe que é minha. Eve eu não desistiria de você nunca, pena que não pude te dizer isso enquanto ainda estava ouvindo e olhando nos meus olhos, esses seus olhos, como eu sinto falta deles, e desse sorriso, como eu sinto falta – Solucei – dele sorrindo para mim, esse cabelo em meu peito e esse seu jeito de viver. Você vai sair dessa, eu sei que vai, porque não imagino nem se quer um minuto sem você, podem me dizer qualquer coisa, eu não vou ouvir, porque você Eve, você é a melhor parte de mim.
E essa seria a hora que ela responderia, e essa hora, o silencio permaneceu naquela sala.
-Volta pra mim, por favor, não me deixe aqui Eve.
Minha mãe acaba entrando na sala, por que eu não tinha condições nenhuma de permanecer ali, eu estava péssimo, totalmente arrasado, e chorando como nunca chorei, desculpe mais uma vez meu pai, os homens de verdade choram.
-Filho
-Mãe – Ela me abraça
-Vai ficar tudo bem
-O que ela tem?
-Logan... – Ela trava
-O que ela tem? Me diz! – Grito
-Logan a Eve está em coma, e os médicos não sabem quando ela pode voltar, ou se ela vai voltar, depende dela.
-O que? Isso não é verdade, ontem ela estava ali, sorrindo pra mim
-Logan eu sei, vai passar, mas você não pode ficar aqui, esperando ela voltar, ela pode não voltar
-Ela vai voltar! Eve, Eve, não me deixa por favor – Apertava sua mão
-Logan, vai ficar tudo bem meu filho
-Não mãe, não vai, meu pai está doente, minha namorada pode me deixar a qualquer momento, eu preciso arcar com aquela bendita tradição idiota, está tudo, repito mãe, tudo, em minhas mãos, e eu não tenho quem eu quero em minhas mãos agora, por minha e somente minha culpa.
-Logan vai dar uma volta meu filho, não adianta você ficar aqui, só vai ficar pior
-Eu vou mesmo – Levanto-me arrastando aquela cadeira idiota, saio do hospital.
Estava um dia meio nublado e o Sol saia lá no fundo. Eu nem sabia pra onde ia.
Acabei me torturando mais indo para o banco onde sentamos aquela noite. Ele ainda estava meio molhado por conta da neblina da noite, mas eu não estava ligando.
Eu ainda não acreditava que tudo aquilo estava em minhas mãos. Eu tinha que me conformar, a Eve poderia não voltar, e eu teria que conviver com o peso na consciência de ter sido minha culpa e, pior ainda, conviver sem ela. Algo ali no fundo dizia para mim continuar, como um grunido em meus ouvidos, uma voz em minha mente, ela dizia para mim não deixar de viver, eu tinha que continuar.
Foi ai então, que olhei em minha volta, foi ai então que percebi que tinha que continuar por ela, pelo meu pai, por eles dois. Eles não iriam gostar de ver eu aqui chorando por eles, eu tinha que seguir minha vida. A Eve foi a melhor parte de mim, a melhor parte de nós. Percebi então, mais uma vez, que eu tinha que continuar com aquela tradição, aquilo não podia parar, por minha causa, aquilo tudo tinha que acontecer, meu pai gosta disso e a Eve, por mais estranho que pareça, gostava também. Então foi ai que vi, que tinha que viver a minha vida, por eles.
...



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