terça-feira, 12 de abril de 2016

Blue Angels


As pessoas me chamavam de anormal, claro que talvez em um bom sentido se existir um bom sentido nisso, eu era anormal apenas por ser a mais normal de todos, eu era a mais normal por achar tudo aquilo muito estranho. “Mas é uma tradição Evellen” ouvia isso desde que tinha 4 anos. Eu não entendia toda aquela frescura de se vestir com aqueles vestidos gigantes e se reunir com os amigos do meu pai uma vez em 2 meses para discutir uma coisa que para mim não passava de uma paranóia.

Dês dos meus 4 anos eu tentava entender, eu ainda não entendo. Uma vez em cada 2 meses meu pai se reúne com George, seu melhor amigo da vida toda, junto com a sua família, sua esposa Karen, e seus dois filhos Logan, o mais velho, e Dominic, o mais novo. Logan tinha a minha idade, já Dominic, tinha apenas 12 anos e já entendia que iria ser sucessor de seu pai. Não, aquilo tudo não era uma monarquia, era apenas uma loucura de meu pai com George. Já nossa família tinha, minha mãe, Lauren, eu, a filha mais velha, e minha irmãzinha Jasmine, de 11 anos.Não, isso não foi nada combinado, acho que também nenhuma coisa de sorte, apenas o destino e Deus fazendo com que tudo se encaixasse. Logan seria sucessor de seu pai, por isso teria que casar com uma pessoa desse meio, destinada a fazer todas essas baboseiras, etc. Logan e eu nos conhecemos dês dos 4 anos, quando  saíamos do colo de nossas mães e fazíamos travessuras por ai, Logan sempre foi uma pessoa “do contra” ele adorava uma aventura e me levava nelas todas as vezes que nos víamos. Nossos irmãos eram de colo, então não ensinamos a eles as coisas boas da vida. Mas para nossos pais claro, o que fazíamos não eram as “coisas boas da vida”. Eu ainda me lembro daquela vez em que estávamos no salão vazio, eu com um vestido rosa bebê, Logan com um terno super bonitinho e com uma gravata borboleta que tinha amarrado em sua cabeça, dançamos sem musica mesmo, ele dizia que o laço que amarrava um pouco de meus cabelos para trás era estranho, enquanto tentávamos imitar nossos pais em uma musica lenta que apenas tocava em nossa mente. Cada vez que esse “baile” acontecia, eu e Logan faziamos alguma coisa diferente, uma vez quase deixamos nossos pais loucos pois sumimos até um parque reservado onde tinha uma grama fofinha, deitamos lá e ficamos olhando as nuvens para distinguir o que elas pareciam. Logicamente nós crescemos, não fazemos mais essas coisas por mais que quiséssemos. Agora a única coisa que fazemos é sentar e ficar sérios prestando atenção em todo aquele discurso estranho que nossos pais ditavam. Não posso negar que Logan era lindo, a beleza dele era completamente diferente que qualquer cara por ai, mas nunca passamos de um abraço honesto.

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