sexta-feira, 3 de abril de 2015

Capitulo 4

-A senhorita  pode sair, o medico a autorizou para ir para casa
-Obrigada
Eles me dão algum tipo de papel que deveria ser algum exame que eles tenham feito em mim, nunca fui o tipo de pessoa que sempre fui ao hospital, meu pai nunca pode me levar ao hospital porque na verdade ele nunca pode ser visto por ninguém. Não somente o hospital mas também em qualquer lugar, ele nunca me levou a escola e nunca cantou pra eu dormir, ele nunca foi as minhas apresentações de violão nem a nenhuma reunião de pais. Ninguém conhece meus pais, muito menos meu pai. As vezes nem quero considera-lo como pai, mas o amo muito.
Meu jantar nunca mais vai ser o mesmo sem a vovó, costumávamos comer e conversar sobre as pessoas, sobre as noticias, sobre tudo. A vovó fazia cookies e o chocolate quente. Nunca mais vai ser igual, tenho que colocar uma foto dela no meu mural, a maioria das pessoas que estão lá ja morreram, por causa do meu pai.

Os rabiscos do meu caderno continuavam la no outro dia, e mais rabiscos iam surgindo da minha mente, talvez meus colegas de sala achassem que eu tinha algum tipo de problema, mas meu problema maior era a solidão constante em meu peito e a dor que insistia em continuar batendo juntamente com o meu coração.
Estava sentada embaixo da arvore do gramado da escola quando vejo um homem me observando, ele era muito estranho e se vestia todo de preto com capuz e óculos escuros, penso até que pode ser alguém que depois de matar minha vó, agora queira me matar.
Não o encaro muito nos olhos para ele não perceber que me pareço muito com o meu pai, eu sinto que sou a próxima que corre perigo.
E do outro lado do pilastre da frente da escola vejo o anjo que me levou ao hospital ontem. Pego meus livros tão pesados que quase não consigo pegar e vou em direção até ele.
-Olá
-O que você faz aqui?
-Vim te fazer a mesma pergunta que te fiz ontem
-Qual seria?
-Quem é você?
-Eu não posso te di...
E de repente um tiro atinge o pilar que estava ao meu lado, e foi por pouco que aquele tiro não me atingiu. Me jogo no chão e grito, será aquele homem que eu tinha acabado de ver?
Aquele anjo estava me abraçando como se fosse a missão dele me proteger de todo mal.
-Você está bem?                  
-Estou sim
Logo um homem vem até ele e diz:
-Temos que ir embora
-Não vou deixa-la aqui, o tiro foi para atingi-la
-Precisamos ir
-Ela vai comigo
Ele pega meu braço e me leva até um carro preto, todo escuro, parecia que eles iriam me sequestrar, mas não, ele apenas queria me proteger
-Mas porque ele fez aquilo James?
James era o nome do homem de grande porte que acabara de falar com ele agora pouco logo depois do tiro
-Eu não sei, seja talvez porque queriam atirar em você
-Mas a mira foi nela
-Ela  ouviu coisa demais
Nessas horas eu pensei que aquele tiro realmente era pra mim, e me senti como se fosse qualquer um que morreu pelo meu pai levando um tiro, nessas horas eu queria odiá-lo o máximo possível.
-Por favor você pode me dizer quem é?
-Não posso  te disse
-Eu não vou contar para ninguém, você precisa dizer quem é
-Tenho que deixar vocês dois aqui, leve ela pra casa em segurança-James destranca as portas do carro
Ele havia parado um quarteirão depois da escola, mas eu não iria pra casa sem antes ver o tumulo da vovó.
-Onde fica sua casa?
-Eu não vou a lugar nenhum com você você esta entendendo?Eu nem sei quem você é!
-Você precisa ir embora com segurança
-Eu sei me virar sozinha, estou viva até agora
-É mais perigoso do que você imagina
-Não não é! Eu imagino coisas bem piores do que você imagina
Aquele momento queria alguém para me segurar, alguém que eu pudesse confiar, não tinha ninguém, então chorei, chorei como se todos a minha volta fossem maus e quisessem me matar e que eu agora não tinha ninguém na minha vida, logo, esse anjo me abraça, como se ele fosse a única salvação da minha vida naquele momento
-Eu estou com medo
-Eu sei que está
Entreguei meu coração para alguém que nem sabia o nome.
-Preciso ir no tumulo da minha avó antes de voltar pra casa
-Tudo bem
Ele me acompanhou até o lugar que minha vozinha descansava, lá eu chorava em seu tumulo e contava pra ela o que tinha acontecido hoje, ele apenas observava com os seus olhos azuis toda aquela minha tristeza cinza.
-Quando ela morreu?
-Não faz muito tempo
-É, vejo que as flores ainda estão frescas
-Sim
-Sou Italo
-Daisy, porque não pode dizer seu nome para mim?
-Você nunca entenderia
-Eu posso entender, minha vida é mais complicada do que você imagina Italo
-Não posso, vivo em um mundo que não posso confiar em ninguém
-Entendo
-Não não entende
-Entendo sim

-Posso te levar para casa agora Daisy?

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