sexta-feira, 3 de abril de 2015

Capitulo 5

-Quer entrar?
-Não obrigado, tenho que ir embora
-O que você estava fazendo na faculdade hoje?
-Eu estudo lá, vejo que você também estuda, é uma menina linda apesar do medo das pessoas
-Você que não diz seu nome e quem tem medo sou eu?
-Sim
-Ok
-Tenho que ir agora-Ele sorri com seus dentes mais brancos que a neve, nunca tinha sentido meu coração arder como estava agora, nunca tinha pulado para as cores quentes do arco-iris
-Até mais Italo
-Até mais Daisy
Olhava para a foto da vovó agora.. Ah vovó nunca conversei com um garoto na minha vida, queria que você visse o quanto ele é lindo e educado, sei que a senhora falaria para mim tomar cuidado, mas você sabe que eu
-Alô?
-Daisy?
-Pai??
-Fica longe dele agora
-Dele quem?
-Desse garoto
-Como você sabe?
-Fica longe dele
-Mas porque?
-Porque eu disse que sim Daisy
-Não!
-Daisy você não é mais uma criança você entende que todos podem morrer
-Você nunca me ligou e agora você me liga pra dizer para ficar longe dele?
-É pro seu bem
-Você nunca soube o que é bom pra mim nem pra ninguém, você é um monstro e eu não vou viver presa o resto da vida por sua causa se você estragou a sua vida a culpa é sua, viva ela como se estivesse em um caixão, eu quero viver, quero amar, você é um monstro você não ama ninguém”

Desliguei o telefone antes que ele pudesse dizer alguma coisa.
Capitulo 4

-A senhorita  pode sair, o medico a autorizou para ir para casa
-Obrigada
Eles me dão algum tipo de papel que deveria ser algum exame que eles tenham feito em mim, nunca fui o tipo de pessoa que sempre fui ao hospital, meu pai nunca pode me levar ao hospital porque na verdade ele nunca pode ser visto por ninguém. Não somente o hospital mas também em qualquer lugar, ele nunca me levou a escola e nunca cantou pra eu dormir, ele nunca foi as minhas apresentações de violão nem a nenhuma reunião de pais. Ninguém conhece meus pais, muito menos meu pai. As vezes nem quero considera-lo como pai, mas o amo muito.
Meu jantar nunca mais vai ser o mesmo sem a vovó, costumávamos comer e conversar sobre as pessoas, sobre as noticias, sobre tudo. A vovó fazia cookies e o chocolate quente. Nunca mais vai ser igual, tenho que colocar uma foto dela no meu mural, a maioria das pessoas que estão lá ja morreram, por causa do meu pai.

Os rabiscos do meu caderno continuavam la no outro dia, e mais rabiscos iam surgindo da minha mente, talvez meus colegas de sala achassem que eu tinha algum tipo de problema, mas meu problema maior era a solidão constante em meu peito e a dor que insistia em continuar batendo juntamente com o meu coração.
Estava sentada embaixo da arvore do gramado da escola quando vejo um homem me observando, ele era muito estranho e se vestia todo de preto com capuz e óculos escuros, penso até que pode ser alguém que depois de matar minha vó, agora queira me matar.
Não o encaro muito nos olhos para ele não perceber que me pareço muito com o meu pai, eu sinto que sou a próxima que corre perigo.
E do outro lado do pilastre da frente da escola vejo o anjo que me levou ao hospital ontem. Pego meus livros tão pesados que quase não consigo pegar e vou em direção até ele.
-Olá
-O que você faz aqui?
-Vim te fazer a mesma pergunta que te fiz ontem
-Qual seria?
-Quem é você?
-Eu não posso te di...
E de repente um tiro atinge o pilar que estava ao meu lado, e foi por pouco que aquele tiro não me atingiu. Me jogo no chão e grito, será aquele homem que eu tinha acabado de ver?
Aquele anjo estava me abraçando como se fosse a missão dele me proteger de todo mal.
-Você está bem?                  
-Estou sim
Logo um homem vem até ele e diz:
-Temos que ir embora
-Não vou deixa-la aqui, o tiro foi para atingi-la
-Precisamos ir
-Ela vai comigo
Ele pega meu braço e me leva até um carro preto, todo escuro, parecia que eles iriam me sequestrar, mas não, ele apenas queria me proteger
-Mas porque ele fez aquilo James?
James era o nome do homem de grande porte que acabara de falar com ele agora pouco logo depois do tiro
-Eu não sei, seja talvez porque queriam atirar em você
-Mas a mira foi nela
-Ela  ouviu coisa demais
Nessas horas eu pensei que aquele tiro realmente era pra mim, e me senti como se fosse qualquer um que morreu pelo meu pai levando um tiro, nessas horas eu queria odiá-lo o máximo possível.
-Por favor você pode me dizer quem é?
-Não posso  te disse
-Eu não vou contar para ninguém, você precisa dizer quem é
-Tenho que deixar vocês dois aqui, leve ela pra casa em segurança-James destranca as portas do carro
Ele havia parado um quarteirão depois da escola, mas eu não iria pra casa sem antes ver o tumulo da vovó.
-Onde fica sua casa?
-Eu não vou a lugar nenhum com você você esta entendendo?Eu nem sei quem você é!
-Você precisa ir embora com segurança
-Eu sei me virar sozinha, estou viva até agora
-É mais perigoso do que você imagina
-Não não é! Eu imagino coisas bem piores do que você imagina
Aquele momento queria alguém para me segurar, alguém que eu pudesse confiar, não tinha ninguém, então chorei, chorei como se todos a minha volta fossem maus e quisessem me matar e que eu agora não tinha ninguém na minha vida, logo, esse anjo me abraça, como se ele fosse a única salvação da minha vida naquele momento
-Eu estou com medo
-Eu sei que está
Entreguei meu coração para alguém que nem sabia o nome.
-Preciso ir no tumulo da minha avó antes de voltar pra casa
-Tudo bem
Ele me acompanhou até o lugar que minha vozinha descansava, lá eu chorava em seu tumulo e contava pra ela o que tinha acontecido hoje, ele apenas observava com os seus olhos azuis toda aquela minha tristeza cinza.
-Quando ela morreu?
-Não faz muito tempo
-É, vejo que as flores ainda estão frescas
-Sim
-Sou Italo
-Daisy, porque não pode dizer seu nome para mim?
-Você nunca entenderia
-Eu posso entender, minha vida é mais complicada do que você imagina Italo
-Não posso, vivo em um mundo que não posso confiar em ninguém
-Entendo
-Não não entende
-Entendo sim

-Posso te levar para casa agora Daisy?
Capitulo 3

Pisquei três vezes antes de abrir meus olhos completamente, minha boca estava seca e eu não enxergava direito.
-Você está bem?- Uma voz no fundo da minha cabeça dizia levemente com um tom que fazia sintonia com sua voz
-Quem..é você?
Esbarro minhas mãos para tentar senti-lo
-Você está bem?-Ele insiste em repetir
-Acho que sim, estou com um pouco de sede.Onde estou?
-No hospital
-Hospital?Porque me trouxe aqui? Quem é você?
-Tragam água para ela por favor-Ele falava para algum tipo de enfermeira do hospital
Minhas vistas embaçadas não conseguiam focar seu rosto, me levanto da cama branca como a neve, minha veia estava com uma agulha, acho que estava tomando algum tipo de medicamento.
-Quem é você? Me diz logo!
-Quer que eu ligue para alguém de sua família?
-Quero que você me diga quem é!
-Onde seu celular está?
-Acho que na minha bolsa- Passo a mão sobre a minha testa
-Você tem uma ligação da sua mãe, vou ligar para ela, fale com ela
Ele me deu o celular que fazia aquele som fininho de “tu” que sempre me irritava
“-Alô Filha?
-Mãe
-Onde você está, que barulho é esse?
-Estou no hospital mãe
-Hospital? Como assim?
-Não tomei café da manha hoje e nem almocei porque fui ver o tumulo da vovó
-Você sabe que não pode ficar sem comer Daisy e insiste nisso?
-Estou bem mãe, um moço me trouxe aqui
-Moço? Que moço Daisy? Você sabe que não pode falar com estranhos
-Não falei, eu simplesmente desmaiei na rua e acordei no hospital com um moço do meu lado
-Deixa eu falar com essa pessoa

Quando tiro meu telefone da orelha e vou entregar o telefone para ele ele simplesmente não estava mais lá, ele sumiu de uma hora pra outra, de repente, como se fosse um anjo que nasceu pra me salvar.